Clássico ou Popular?

Existem realmente algumas diferenças que separam as práticas do que costumamos denominar piano clássico (erudito) e piano popular.


- Clássico:

O piano clássico teve seu apogeu no século XIX, época do romantismo, quando o nosso instrumento se tornou uma espécie de centro das atenções e foco da produção de um repertório monumental no qual a técnica pianística atingiu níveis muito altos. Desse período podemos destacar compositores como Beethoven, Chopin, Shumann, Brahms, Liszt, entre outros. O estudo de piano clássico tem normalmente ênfase nesse repertório, somado aos de dois períodos anteriores. O clássico do século XVIII, sendo Mozart e Haydn seus principais representantes, além de Beethoven no início de sua produção; e o barroco, principalmente o tardio do século XVII, com a grande obra para intrumentos de teclas(principalmete cravo e órgão) de J.S.Bach. Podemos também destacar algumas linguagens pós-românticas como o impressionismo de Debussy.

As principais habilidades que se procuram desenvolver nessa escola são a leitura fluente de partituras e a destreza técnica para realizar o repertório. A criatividade do intérprete não é voltada para a invenção, mas para a maneira como se executa o que já está indicado pelo compositor, aquilo que chamamos interpretação.


- Popular:

A música popular começou a ganhar força no século XX com o desenvolvimento das mídias eletrônicas. Primeiro as gravadoras, depois as rádios, a televisão e mais recentemente a internet. No Brasil vários estilos se estabeleceram social e comercialmente. Entre eles o samba, o samba-canção, a bossa nova que assimilou elementos do jazz americano, a mpb, a Jovem Guarda que iniciou a produção de rock nacional, a Tropicália que trouxe a world music para a mpb, o pop rock dos anos 80, e mais recentemente tivemos a música baiana, o sertanejo, o pagode e o rap. Os estilos ditos mais sofisticados como a bossa nova e a mpb produziram um repertório que normalmete se presta a execução de arranjos para piano solo. Podemos citar compositores como Tom Jobim, Chico Buarque, Caetano, Gilberto Gil, Djavan, Ivan Lins. Porém, o piano popular também costuma abranger estilos e ritmos regionais além de ser muito comum o estudo do jazz americano.

As principais habilidades que essa escola demanda são o domínio rítmico, já que os ritmos populares são normalmete mais complexos, e conhecimento de harmonia (acordes), já que esse repertório faz uso  normalmente dos chamados Song books, onde só são apresentados a melodia principal e a harmonia. Caberá ao intérprete desenvolver um arranjo com essas informações, ou seja, é necessário um alto nível de inventividade para esse repertório. Além disso também é muito comum a prática do improviso.


Iniciantes:

Não há uma separação total entre os estilos popular e erudito. A ausência de leitura de partituras desenvolvida normalmente limitará bastante a capacidade de aprimoramento musical, mesmo no caso do popular, pois à medida que o repertório se torna mais complexo, torna-se cada vez mais difícil a assimilação das informações apenas com o ouvido, que tem os seus limites. É recomendável que todos os alunos comecem com estudos de leitura onde se aplicarão elementos básicos da técnica pianística como domínio do rítmo e do dedilhado. Nesta fase, o repertório ainda não é tão importante e poderá se fazer uso do material erudito nas aulas, mesmo para alunos que desejem estudar piano popular, já que a vertente clássica possui uma quantidade infinitamente superior de material didático para o desenvolvimento da técnica básica do instrumento.